Ciclo de Palestras – Segundo Semestre de 2005
As palestras são realizadas na sala C-116 do Centro Tecnológico as 15:30 h, a menos que ocorra aviso em contrário.
Uma abordagem condicional para valores extremos multivariados: uma aplicação na modelagem dos níveis extremos de chuva
Valmária Rocha da Silva (Beatriz Vaz de Melo Mendes)
A Teoria dos Valores Extremos Multivariados e seus métodos tratam da caracterização, estimação e extrapolação das “caudas conjuntas” da distribuição multidimensional. As abordagens existentes são baseadas em argumentos limites em que todas as váriáveis são extremas. Iremos aplicar a proposta de um modelo multivariado para situações em que pelo menos uma das variáveis é extrema, desenvolvido por Heffernan e Tawn, 2004. O cálculo correto das probabilidades dos eventos extremos ocorrem em diversas aplicações, a aplicação que consideramos aqui é em relação a riscos hidrológicos. Nós examinamos os níveis de três rios provocam inundações em Porto Rico, os rios Fajardo, Canovanas e Espirito Santo, os quais monitoram as situações de enchente nessa região, durante o período de abril de 1967 a setembro de 2002, inclusive.
Estimação bayesiana com priori de Jeffreys em modelos de espaço de estados
Carlos Henrique Azevedo Gomes (Marco A. R. Ferreira)
Neste trabalho, desenvolvemos a priori de Jeffreys para a estimação Bayesiana em modelos espaço de estados. A priori de Jeffreys é obtida a partir da Matriz de Informação esperada de Fisher (MI). Como em geral em modelos espaço de estados MI não possui uma forma analítica fechada a calculamos via filtro de Kalman como proposto em [CAVANAUGH & SHUMWAY, Statistics and Probability Letters 26 (1996) 347-355]. Calcular MI, no entanto, é muito demorado e por isso estudamos também a priori obtida substituindo-se MI pela matriz de informação observada de Fisher. A priori assim obtida pode ser considerada uma aproximação para a priori de Jeffreys. Consideramos vários estimadores Bayesianos, como a moda, a média e a mediana a posteriori, obtidos a partir dessas prioris e também, para efeito de comparação, da priori uniforme. Note que quando a priori uniforme é utilizada, a moda a posteriori coincide com o estimador de máxima verossimilhança. Comparamos para alguns casos particulares de modelos de espaço de estados a performance dos vários estimadores obtidos. Resultados preliminares indicam que o desempenho dos estimadores depende da razão sinal-ruído. Porém, de uma forma geral, o EMV é muito bom para estimar o estado latente no tempo inicial, enquanto que a média a posteriori com priori de Jeffreys é melhor para estimar as variâncias das pertubações.
Modelagem de valores extremos baseada nas r maiores estatísticas de ordem: Uma aplicação no cálculo do valor em risco em mercados emergentes
Ana Paula dos Santos Rubem (Beatriz Vaz de Melo Mendes)
A Teoria de Valores Extremos é um ramo da probabilidade que estuda o comportamento estocástico de extremos associados à uma distribuição F. Na prática, F é desconhecida, tornando os cálculos exatos impossíveis. No entanto, sob certas suposições, o comportamento aproximado do máximo, ou mais geralmente, das r maiores estatísticas de ordem, é descrito por uma família de distribuições conhecida. As abordagens existentes em finanças são geralmente baseadas nos máximos e mínimos. Iremos aplicar o modelo para as r-maiores estatísticas de ordem proposto por Smith (1986), para o caso Gumbel, a partir dos desenvolvimentos teóricos de Weissman (1978), e generalizado por Tawn (1988), para avaliar a influência da inclusão das r-maiores estatísticas de ordem no cálculo de medidas de risco. Examinaremos os índices de cinco países que compõem o chamado mercado emergente, Argentina, Brasil, Chile, Índia e Singapura, no período de 31 de dezembro de 1993 a 31 de dezembro de 2005. A análise se divide em duas partes. Primeiro, iremos utilizar estimação por máxima verossimilhança e supor o vetor de parâmetros constante no tempo. Depois, iremos supor ser o vetor de parâmetros uma função suave no tempo, mas não-paramétrica, usando métodos de verossimilhança local como proposto por Heffernan et al (2004).
Modelagem bayesiana de evolução de taxas de mortalidade. Estudo de caso: doenças do aparelho circulatório no RJ
Carla de Souza Lôbo (Helio S. Migon e Dani Gamerman)
Atualmente, as doenças do aparelho circulatório são as principais causas de morte no Brasil. Entretanto, tem sido observado um declínio da mortalidade por essas doenças. Nota-se que este declínio acontece de forma diferenciada para cada faixa etária da população, dependendo também do período considerado. A modelagem do declínio destas taxas no Rio de Janeiro, no período de 1980 a 2002, para cada faixa etária, é o objeto deste estudo. As análises se dividem em duas abordagens. A primeira é baseada no conceito do fator de redução de mortalidade, utilizado por Renshaw e Haberman (2003), onde modela-se o número de mortes como um modelo linear generalizado Poisson com sobredispersão. Na segunda abordagem, a força de mortalidade é avaliada utilizando modelos de crescimento exponencial generalizados. Conceitos de modelagem dinâmica bayesiana serão empregados em ambas as abordagens.
Modelos Espaço-Temporais Inflacionados de Zeros
Marcus Vinicius M. Fernandes (Alexandra M. Schmidt e Helio S. Migon)
Este trabalho tem como objetivo modelar processos (fenômenos) que se caracterizam pela variação no tempo e no espaço e pela presença excessiva de zeros. Utiliza-se uma mistura de distribuições, incluindo massa de probabilidade no ponto 0(zero). Serão abordados modelos para variáveis contínuas (exponencial, gama, log-normal) e discretas (poisson), utilizando processos gaussianos e efeitos autorregressivos condicionais (CAR), no âmbito da dependência espacial. É adotada a abordagem bayesiana, com a utilização de métodos de Monte Carlo via Cadeia de Markov (MCMC). Aplicaremos o(s) modelo(s) a dados de chuva da cidade do Rio de Janeiro, para variáveis contínuas e dados de dengue, também da cidade do Rio de Janeiro, para variáveis discretas. Ao final do estudo é feita a modelagem conjunta de dengue e chuva, examinando o excesso de zeros em ambos os casos.
Modelos Bayesianos Semi-Paramétricos
Carolina P. Ornelas (Alexandra M. Schmidt e Mariane B. Alves)
Embora os modelos lineares generalizados sejam capazes de contornar o problema de não normalidade da variável resposta, ainda assim estes apresentam restrições. Uma delas reside no fato de que, em diversas situações, tem-se variáveis explicativas que não impactam a resposta média de forma linear. Além disso, para algumas variáveis o foco não está na estimativa dos efeitos das mesmas, mas apenas na consideração da possível existência destes efeitos. A classe dos Modelos Aditivos Generalizados proposta por Hastie e Tibshirani (1990) permite que o preditor linear seja substituído por um preditor aditivo, composto pela soma de funções s quaisquer, sendo as funções suaves as mais indicadas. O presente trabalho propõe-se a estudar uma forma de trabalhar com variáveis que são incorporadas de forma não-paramétrica no modelo. A abordagem de estimação utilizada é bayesiana e os modelos são ajustados a um conjunto de dados de mortalidade de São Paulo, com observações feitas no período de 01 de janeiro de 1994 a 31 de dezembro de 1997. Os resultados obtidos são comparados aos mesmos modelos ajustados segundo o enfoque clássico, e uma segunda aplicação é feita utilizando uma série mensal de chuva e vazão observada na bacia do Rio Grande (BA), no período de agosto de 1984 a setembro de 2004.