Ciclo de Palestras – Primeiro Semestre de 2024

Coordenação: Professora Maria Eulalia Vares e Widemberg da Silva Nobre

As palestras ocorrem de forma presencial às quartas-feiras às 15h30 na sala I-044-B, a menos de algumas exceções devidamente indicadas.

Lista completa (palestras previstas para datas futuras podem sofrer alterações)

Desde o trabalho pioneiro de Helmholtz (1867) conjectura-se que o cérebro realiza seleção estatística de modelos, atribuindo modelos probabilísticos a sequências de estímulos e fazendo inferência estatística para aprender, classificar e prever eventos futuros. Em linha com esta proposta, estudos anteriores já haviam identificado assinaturas eletrofisiológicas associadas a ações iminentes e de aprendizagem de sequências no cérebro humano. Recentemente, resultados que apoiam a conjectura de que o cérebro identifica efetivamente a estrutura da cadeia que gera uma sequência de eventos foram obtidos pela nossa equipe de pesquisa. Sabemos agora como identificar algumas classes de modelos probabilísticos utilizados pelo cérebro para armazenar regularidades estatísticas em sequências de eventos. Um exemplo das classes às quais nos referimos são as árvores de contexto probabilísticas introduzidas por Rissanen (1983) no âmbito da compressão de dados. Neste seminário, discutirei a abordagem teórica e experimental associada à aprendizagem estatística desenvolvida pelo nosso grupo. Apresentarei um conjunto de novos dados eletrofisiológicos e comportamentais (Hernández et al., 2021; Cabral-Passos et al., 2024: Hernández et al., no prelo), buscando estabelecer uma relação formal entre a aprendizagem de sequências estruturadas de eventos aleatórios e suas assinaturas no cérebro.

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Trabalho desenvolvido em colaboração com Silvaneo Vieira dos Santos Junior e Helio dos Santos Migon.

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The recent COVID-19 global Public Health emergency has laid bare the need for properly preparing for the (re-)emergence of pathogens in human and non-human populations. In this context, it also became clear that genomic surveillance is a major component of pandemic preparation, allowing for the early detection of new pathogen variants. This wealth of data necessitates, however, a framework for data preparation and integration, as well as analytical methods that can extract epidemiological insight from the combined genomic and epidemiological information. Phylodynamic methods employ a model-based approach to extract information from this sort of data, combining phylogenetic trees and epidemiological models. In this talk I will discuss the methodological challenges of phylodynamics, devoting attention to two topics: prior elicitation and computation (via MCMC and variational methods). I will present some pitfalls of seemingly ‘uninformative’ priors and discuss a number of examples, including population reconstruction and mutation heterogeneity. Moreover, I shall discuss ideas for making sure our methodological apparatus is up to scrutiny through simulation-based calibration (SBC), which needs adaptation to work in a non-standard metric space such as treespace. In summary, I will give an overview of the current methodological canon in phylodynamics and ways to tackle the major challenges ahead.

Keywords: Bayesian Statistics, Phylodynamics, Genomic surveillance.

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A atividade elétrica em uma rede de neurônios depende fortemente do seu grafo de interações, uma estrutura combinatorial latente que codifica o tipo de interação existente (e.g. excitatória ou inibitória) entre cada par de neurônios da rede. Um desafio importante em Neurociência é compreender quais características deste grafo podem ser inferidas a partir da atividade de disparos da rede. Por exemplo, será que podemos inferir a densidade de conexões do grafo de interação de uma rede neuronal somente com base na sua atividade de disparos? O objetivo da palestra é apresentar um arcabouço probabilístico elementar – desenvolvido em conjunto com Eva Löcherbach (Paris) e Julien Chevallier (Grenoble) – que nos permita tratar rigorosamente desta pergunta.
Generative Flow Networks (GFlowNets) são redes neurais recentemente propostas para amostrar objetos composicionais (e.g., grafos ou sequências) com probabilidade proporcional a uma função de recompensa — com garantia de corretude em tempo finito. No contexto Bayesiano, GFlowNets têm o potencial de facilitar inferência sobre, e.g., grafos causais e árvores filogenéticas. Nessa palestra, eu irei apresentar dois trabalhos recentes do meu grupo. No primeiro, estendemos a teoria de GFlowNets para habilitar aprendizado Bayesiano federado, i.e., para casos em que os dados são potencialmente sensíveis e estão distribuídos entre múltiplos usuários. No segundo, analisamos a sensibilidade de GFlowNets, delineamos seus limites representacionais e propomos uma ferramenta de diagnóstico.
Metaestabilidade é um fenômeno muito frequente na natureza, com exemplos que aparecem nos mais distintos campos, incluindo física, química, biologia, climatologia e economia. Os objetos de interesse são sistemas que apresentam transições entre estados metaestáveis ou quase-de-equilíbrio e o estado estável. O comportamento metaestável é caracterizado por um longo período de aparente equilíbrio de uma fase pura do ponto de vista termodinâmico, seguido por um rápido decaimento ao equilíbrio estável (uma fase pura ou uma mistura). Questões interessantes em metaestabilidade dizem respeito a: tempo de transição e caracterização de uma possível gota crítica que precipita a convergência rápida ao equilíbrio.

Pretendo discutir alguns aspectos gerais de metaestabilidade, mantendo um olhar mais próximo no contexto de dinâmicas estocásticas. Com base em exemplos concretos, pretendo discutir algumas das motivações e descrever as características gerais, concluindo com uma breve descrição de resultados para o modelo de Ising estocástico em dimensão dois para qualquer temperatura subcrítica fixada, como obtida no artigo abaixo citado

[1] Gaudillière, A. ; Milanesi, P. ; Vares, M. E. Asymptotic Exponential Law for the Transition Time to Equilibrium of the Metastable Kinetic Ising Model with Vanishing Magnetic Field. Jr. Stat. Phys. 179, 263 – 308, 2020. https://doi.org/10.1007/s10955-019-02463-5

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